terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Sintoma

Em psicoterapia o sintoma tem um estatuto diferente daquele que a medicina vulgarmente atribui (psiquiatria). O que é um sintoma? Se um paciente se queixa de depressão, falta de desejo sexual ou de incapacidade de pôr termo a uma relação onde é vítima de um parceiro violento, qual é o sintoma? O sintoma não é necessariamente aquilo de que se tem consciência. Talvez seja mais apropriado chamar-lhe queixa, que não deve ser confundida com sintoma. Segundo Mezan, “a queixa” traduz uma percepção que o indivíduo tem sobre si mesmo, uma “teoria” a seu respeito que, como qualquer produção psíquica, deve ser tratada com respeito.” No entanto, nada indica que essa “teoria” esteja de acordo com os “reais” significados.

Por outro lado, o sintoma, por norma, apresenta-se como absurdo; o paciente não consegue perceber a sua razão de ser nem de onde ele provém. Se soubesse, provavelmente, não recorreria a um psicólogo. O sintoma é sentido como absurdo porque encontra-se desconectado da restante vida mental. Perante a impossibilidade de estabelecer essa conexão o sujeito desenvolve uma teoria para dar sentido ao seu sintoma. Factos  improváveis, mas plausíveis, são usadas para explicar/justificar o sintoma.

Portanto, numa psicoterapia, perante o sintoma, não deve ter-se a mesma atitude que a medicina. O médico procura aliviar ou remover o sintoma que perturba a saúde do paciente. Neste caso o paciente não é "sujeito do seu mal", mas "vítima". Do psicólogo espera-se que estabeleça as condições para que o paciente, ao seu ritmo, possa criar novas conexões que lhe permitam uma compreensão mais profunda de si que, maioria das vezes, se traduz no desvanecer dos sintomas. O desaparecimento do sintoma não é um objectivo em si, mas o corolário de um processo extremamente complexo de subtis micro-transformações.




Psicoterapia

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